Para o Bruno Pereira e Nanni Pinto:
Num quintal cultivado com frutas, vegetais e flores, vivia uma semente de Abóbora Menina que o senhor Pereira, tinha deixado por esquecimento dentro do saquinho de sementes. Todas as outras sementes tinham sido semeadas, já eram grandes abóboras, mas aquela ali ficou a ver todas as outras crescerem…
Os dias corriam muito calmos, e a sementinha ficava ali dentro do saco a observar o sol, a ver o senhor Pereira a regar as outras abóboras e a pensar no sonho de ser, também ela uma abóbora grande e cor de laranja muito viva. E nada lhe faltarva para realizar o seu desejo, tinha sol, tinha água, tinha a terra e tinha o adubo, que o senhor Pereira dava ao seu quintal. Porém faltava-lhe a confiança para acreditar que aquela sementinha pequenina, podia vir a ser uma abóbora enorme, bastava ela querer. Vivia entristecida e os seus dias e as suas noites eram passadas a suspirar. A pequena semente adorava borboletas, existiam muitas borboletas de mil cores, que voavam sobre o quintal do senhor Pereira. Mas havia uma borboleta especial com quem a sementinha gostava de falar, a conversa era sempre a mesma:
- Diz me borboleta, como consegues voar?
- É a minha natureza voar, pequena semente.
- Ai como eu queria conseguir voar.
- E tu podes voar, todos nós podemos! “ voamos quando queremos, mas não antes disso.” A borboleta levantava voo e a sementinha, suspirava. E suspirava…
- Queria tanto ter asas para voar.
- Se queres voar sai de dentro desse saco, se queres ser uma abóbora tens que sair da casca, e crescer. Entendes?
- Mas como? eu tenho medo, sou a única semente neste quintal, tenho medo de ser comida por um pardal esfomeado, aqui dentro do saco estou segura, tenho medo de arriscar.
A borboleta explicou à sementinha que se ela não saísse do saco, nunca, mas nunca, saberia do futuro que a esperava, "um futuro com mil e uma portas, tens que te deixar levar pelo vento, o teu lugar é debaixo da terra negra e quente." E logo nesse dia, a sementinha inspirada pelas palavras e força da borboleta, saiu fora do saco, não esperou muito até o vento soprar e plantar a sementinha na terra, estava mais feliz do que nunca por conseguir arriscar e acreditar, que iria chegar a terra sem servir de almoço a um pardal . E que feliz ela se sentia por ter tido a coragem de deixar o saco onde vivia escondida, e entregar se á terra, agora sim ela seria uma abóbora , e com ajuda do vento, do sol, da terra e do adubo do senhor Pereira, ela iria crescer com uma cor muito rosada e depois seria transformada em mil e uma coisas, seria ela uma doce compota? uma deliciosa sopa quentinha? ou uma sorridente e iluminada abóbora do dias das bruxas? A sementinha estava feliz aguardando paciente a sorte que o futuro a esperava.
Até onde vai crescer? Ninguém sabe. Onde vai parar? Ninguém imagina.
Mas todos sabem,que naquele dia, numa bela tarde de vento, ela era Abóbora Menina mais feliz e confiante de todos os quintais.
Obrigada por me inspirarem
Beijinho da Abóbora Menina
Pevides